Pensamentos, idéias e as experiências de um jogador (não só) de RPG.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Entrevista com Monte Cook

A entrevista com Monte Cook rolou no mês passado, quando havia acabado de confirmar sua presença no EIRPG. Agradecimentos especiais ao D3 e Douglas Quinta Reis da Devir e Maria do Carmo Zanini.




ROLEPLAY. Esta é sua primeira visita a outro país com uma cultura de jogo possivelmente diferente daquela com a qual você está acostumado? Quais são suas expectativas?

MONTE COOK (MC). Na verdade, não é a primeira vez que vou a um encontro de RPG em outro país. Já participei, por exemplo, de encontros na Irlanda e na Dinamarca, onde a cultura de jogo é um pouquinho diferente em relação aos Estados Unidos. No entanto, mesmo sendo o idioma diferente (como no caso da Dinamarca), descobri que os jogadores são relativamente parecidos aonde quer que se vá: são divertidos, legais e adoram fantasia medieval. Já conheci alguns jogadores brasileiros e vi que eles também são assim. Pelo que ouvi falar, minha expectativa é que a cultura do RPG no Brasil seja muito interessante, pois me disseram que o RPG é relativamente recente por aí e anda crescendo muito mais do que nos Estados Unidos.

ROLEPLAY. Atualmente, você é um dos autores mais ativos e prolíficos da indústria do RPG. Como é seu estilo de trabalho e qual é sua rotina?

MC. Bom, já não estou me envolvendo tanto na criação de jogos quanto antes, porque agora estou me dedicando a escrever ficção. Trabalho em casa, onde tenho um pequeno escritório e um computador. Eu costumava trabalhar muito à noite, mas agora estou tentando trabalhar mais durante o dia para fazer minha rotina coincidir com a da minha esposa.

ROLEPLAY.
E você ainda consegue arranjar algum tempo para jogar ou é só trabalho, trabalho, trabalho? Quando foi a última vez que você jogou (ou mestrou) para valer?

MC.
Eu costumo mestrar e conduzi uma aventura de D&D na semana passada.

ROLEPLAY. Como é ser escritor de RPG nos Estados Unidos? Quais são as alegrias e tristezas do trabalho? Que tipo de reconhecimento você tem? Que tipo de crítica você é obrigado a aguentar? Qual é sua relação com o público?

MC.
Para ser sincero, não há nada demais nisso, a não ser quando vou a encontros de RPG. Até mesmo os maiores nomes da indústria do RPG são ilustres desconhecidos para o resto do mundo. Quando digo o que faço para viver, as pessoas imaginam que trabalho com jogos de computador. Nos encontros ou nos websites especializados, a coisa é um pouco diferente. Mas, para cada pessoa que adora o seu trabalho, há sempre uma que o odeia. Já recebi muitas críticas nesses anos todos – a maioria na época do lançamento do D&D 3. ed., porque as pessoas acostumadas com as edições anteriores não gostaram das mudanças e não tiveram o menor receio de expressar sua insatisfação. Mas agora já não aparecem tantas críticas nesse sentido.
A melhor coisa de ser um nome conhecido no mundo do RPG, para mim, foi a oportunidade de fazer um monte de bons amigos, tanto na indústria quanto entre os fãs. Conheci pessoas que foram parar no meu website porque gostavam do meu trabalho, e, com o tempo, acabamos ficando amigos, devido aos interesses comuns. Interajo diariamente com as pessoas nos fóruns do meu site e escuto o que elas têm a dizer. Sendo assim, sinto-me bem próximo do meu público.

ROLEPLAY. Se pudesse escolher, para que cenário ou universo ficcional você gostaria de escrever?

MC.
Eu não gosto muito de trabalhar com as criações de outras pessoas (prefiro criar as coisas eu mesmo), mas, se tivesse de escolher, eu ficaria com a série Thomas Covenant, de Stephen R. Donaldson. Foram livros que me influenciaram bastante quando jovem, e acho que o cenário, chamado simplesmente de “The Land” [A Terra], é mítico e interessante, coisa de que gosto muito.

ROLEPLAY.
Como você vê a relação “Bem x Mal” nos jogos?

MC. Acho que, na maioria dos casos, essa relação é tratada de maneira muito simplória. Define-se o “Mal” como qualquer coisa que faça algo indesejado, e o “Bem” é definido como qualquer coisa que se oponha ao Mal. Mas o mundo real não funciona desse jeito. Não é que as coisas tenham de ser exatamente como no mundo real, mas, infelizmente, Mestres e jogadores acabam interpretando personagens que não agem como pessoas de verdade.

ROLEPLAY. E o que você acha do fascínio de certos jogadores por personagens malignos?

MC. Acho que os jogadores gostam de interpretar personagens malignos porque o RPG é um passatempo escapista, e interpretar um personagem mau é uma fuga e tanto em relação à vida real. Também existe a idéia de que os personagens malignos têm mais “peito” que os bonzinhos e podem conquistar mais facilmente o respeito dos demais. As pessoas gostam de fingir que são perigosas e que controlam seus próprios destinos e, a princípio, parece mais fácil conseguir isso com um personagem maligno. Elas acreditam que o mal oferece uma liberdade maior e impõe menos limitações. Mas eu não acho que isso seja verdade.

ROLEPLAY. A criação de novos cenários é um elemento importante do sucesso na indústria do RPG, mas também pode ser uma armadilha. O universo medieval fantástico, por exemplo, tem suas limitações. Podemos criar uma raça maluca de orcs e chamá-los de “zoingos”, mas, no fim das contas, ainda serão orcs. Mesmo com o aparecimento constante de novos jogadores, será que a fantasia medieval não estaria um tanto quanto batida? O que fazer para manter esse gênero vivo?

MC.
A fantasia será sempre popular no RPG, porque é mais fácil jogar e criar aventuras num cenário em que tudo o que imaginarmos pode acontecer. Em outros gêneros, a verossimilhança acaba nos limitando muito mais. Num RPG de ficção científica, por exemplo, é preciso tornar o conteúdo científico verossímil, o que não é nada fácil quando não se sabe muita coisa sobre ciência. Além disso, a fantasia atrai novos jogadores, o que é muito bom. Mesmo que pareça velho e batido para aqueles que já o conhecem há algum tempo, o jogo ainda será novidade para outras pessoas.

ROLEPLAY.
Como você analisa o mercado de RPG hoje? A chegada do d20 e dos sistemas abertos teve a ação e a reação esperadas dos autores e editores?

MC.
Bem, a resposta à segunda pergunta é sim, mas o d20 deu uma esfriada e hoje só é produzido por um pequeno e seleto número de empresas bem conhecidas e conceituadas, e não mais por todo e qualquer RPGista que saiba usar um editor de texto. É mais difícil fazer sucesso no mercado do RPG hoje do que, por exemplo, cinco ou seis anos atrás. As pessoas não estão mais comprando tantos suplementos quanto antes. Muitas editoras complementam sua renda com a produção de jogos diversos, como os de tabuleiro, ou obtendo licenças para produzir jogos baseados em filmes ou livros de sucesso.

ROLEPLAY. Na sua opinião, quais jogos têm hoje um bom potencial de mercado? E quem são os escritores que você considera como a nata do RPG atual?

MC. Bom, D&D está no topo da lista e acho que isso não vai mudar tão cedo. Deve haver uma nova edição do jogo daqui a um ou dois anos e isso provavelmente ajudará a reanimar um pouco o mundo do RPG.
Para mim, a nata dos escritores é formada pelo pessoal que já tem alguns anos de estrada, pois acho que a experiência é a qualidade mais importante. Por exemplo, se eu quisesse produzir uma aventura, minha primeira opção de escritor seria Bruce Cordell, que criou aventuras maravilhosas, como Return to the tomb of horrors (TSR, 1998) e A cidadela sem sol (Devir, 2001). Se quisesse um novo jogo, eu adoraria que Jonathan Tweet criasse o sistema de regras. Jonathan foi o principal designer do D&D 3. ed., e também criou Ars magica (Atlas Games, 1996), On the edge CCG (Atlas Games) e outros jogos.

ROLEPLAY.
Nos dias de hoje, com a internet, os arquivos PDF e a pirataria, temos o retorno das miniaturas ao RPG, e a Wizards of the Coast, de certo modo, controla isso. Os livros, em contrapartida, são mais fáceis de produzir, mas a publicação é mais cara. Como você encara o mercado hoje e o que espera do amanhã?

MC. Não sei se a internet tem algo a ver com isso, mas acho que as miniaturas continuarão a ter papel relevante no hobby, principalmente porque nunca foi tão fácil produzi-las com tão boa qualidade e custos tão baixos. Mas, falando da internet, acho que um componente cada vez maior do hobby vai envolver a rede de alguma maneira. Por exemplo, a Wizards of the Coast extinguiu recentemente as revistas Dragon e Dungeon e planeja disponibilizar esse tipo de conteúdo na internet.

ROLEPLAY. Aqui no Brasil fala-se muito de uma suposta crise do RPG – jogadores em potencial estariam se voltando para os MMORPGs, os card games, os jogos estratégicos e similares, e não mais para o RPG tradicional. Até mesmo o verbete sobre RPG na Wikipedia especula se o hobby estaria ou não fadado ao desaparecimento. Essa percepção corresponde à realidade?

MC. Talvez. As atividades citadas certamente são desafios a serem superados pelo RPG se o hobby quiser sobreviver. Mas não acho que o RPG esteja necessariamente fadado a desaparecer. Jogar RPG com os amigos, em volta da mesa, ao contrário dos MMORPGs, é uma atividade social. Essa é a grande força do RPG e, se continuarmos a destacar esse aspecto, acho que ele ainda terá uma longa vida pela frente.

ROLEPLAY. Na sua opinião, como o mercado brasileiro de RPG, que depende de livros importados e de uma produção ainda pequena de editoras nacionais, poderia amadurecer? Quais são os passos a seguir, tanto para os profissionais quanto para o público? (Esta pergunta se refere a uma boa parte dos jogadores brasileiros que repudia o material nacional e os jogos que não fazem parte do mainstream, como os da Wizards of the Coast, White Wolf etc.)

MC. Não acho necessariamente ruim depender de produtos da Wizards of the Coast ou da White Wolf. São empresas de primeira linha. Se eu fosse brasileiro e quisesse fazer com que um jogo caísse no gosto do público, eu observaria como é que se joga no Brasil e quais necessidades do RPGista brasileiro não são satisfeitas pelos produtos disponíveis. Daí, eu tentaria criar produtos que atendessem a essas necessidades. Foi isso o que fizeram aqui nos Estados Unidos. Por exemplo, um RPGista repara que todas as pessoas que ele conhece gostam de jogos mais realistas e mais complexos do que as regras permitem, e por isso ele desenvolve livros que acrescentam esse realismo ao jogo. Ou, então, percebendo que as pessoas gostam mais de aventuras curtas do que de campanhas longas, ele poderia criar uma série de aventuras breves e de baixo custo, próprias para se jogar numa única sessão. Quanto aos consumidores, acho que não custa nada ter mente aberta e experimentar coisas novas. Isso torna as sessões de jogo mais interessantes e não deixa os jogadores entediados.

Para finalizar a entrevista, pedimos ao Monte Cook que fizesse sua ficha de personagem:


quarta-feira, 27 de junho de 2007

Cry for help / Pedido de ajuda

Remunerado, of course.

Estou sem tempo e queria encontrar algum profissional para adaptar meu blog ao sistema do worldpress - www.worldpress.com - e que também faça uma primeira e única migração completa.

Basta deixar um comentário aqui.

Atualmente tenho o blog e um endereço, o www.roleplay.com.br apontando para cá. Minha intenção é unificar tudo no endereço roleplay.com.br e fechar a porta aqui no blogger.

Outras sugestões de usuários mais bem informados são sempre bem vindas.

Trabalhos digitais outros nem tanto

Resolvi ampliar o escopo do blog e com isso trazer mais informações para leitores. Meu conhecimento infelizmente é pequeno no que se refere a programar sites e montar coisas na net. Eu sou ainda da época do HTML apenas e hoje já existem milhares de coisas que infelizmente não consegui acompanhar.

Alguns posts atrás eu disse que migraria para outra plataforma, estou testando ainda já que quebrei um pouco a cabeça na passagem de dados. mas vai acontecer.

Um blog quase irmão, seja no assunto ou na intenção, o do Dr. Careca mudou de visual. Isso me faz lembrar que preciso atualizar meus links, tem muita gente que escreve e não coloquei ainda aqui no meu blog.

Fora do mundo digital os trabalhos ainda persistem, projetos estão sendo elaborados e apresentados em breve. Cruzem os dedos, os meus já estão doendo rs.

Tenho recebido comentários e emails sobre meu trabalho com a Dragão Brasil. Peço a todos que aguardem um comunicado oficial da editora e meu. Por enquanto a pedido da própria editora eu não irei me manifestar.

Com a chegada do Monte Cook ao Brasil estarei disponibilizando aqui amanhã uma entrevista que fiz com ele mês passado.

domingo, 17 de junho de 2007

Rants & Ramblings...

Post removido a pedidos. Aguardando uma posição final.

Desculpas aos leitores.


Silvio C. Martins

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Boa noite povo que eu cheguei!

Mestra Maria do Carmo, Baianas Mensageiras de Santa Luzia e Beth carvalho estão num game do XBox, fazendo a trilha sonora do Shadowrun, que rola em santos em 2031.

Vi 3 trailers do jogo no site da Herói e fiquei feliz em como soou maravilhosa a nossa música. Nada daquele lixo eletrônico, música genuína. Achei duca.

Tava na hora né?

Quem quiser ver os trailers, acesse o site da Herói.

Peço desculpa aos leitores, muita correria e eu sou um só, ainda.

Espero que as coisas se normalizem até o meio de junho. Sei que isso é papo de quem em breve vai largar o blog, mas não é meu caso, fiquem tranquilos.

Abraço a todos

 
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